Nem só de futebol viverá a Copa do Mundo 2014 em
Manaus. Espetáculos, workshops e debates sobre dança também irão compor
a programação desenvolvida pelo Governo Federal para o período dos
jogos do Mundial na capital amazonense, sendo que o único projeto
selecionado do Estado foi o da Índios.com Cia. de Dança, que obteve a
terceira colocação no ranking nacional de propostas aprovadas na área de
Dança pelo Concurso Cultura 2014, lançado pelo Ministério da Cultura
(MinC) no início deste ano.
Batizado de "Dabucuri da Índios.com Cia. de Dança na Copa 2014", o
projeto foi desenvolvido pela intérprete-criadora e diretora artística
Yara Costa e prevê a apresentação de três montagens do repertório da
companhia ("Rito de Passagem", de 2008, "Rastros Híbridos", de 2010, e
"Aëëë: Pra Falar do que Não Foi Perdido", de 2013), workshops de dança
aérea com a técnica de rapel e tecido circense e, ainda, debates com
temas envolvendo a relação arte contemporânea versus cultura indígena.
"Estamos super felizes. A Índios.com Cia. de Dança se fortalece e se
revigora nesse resultado. O terceiro lugar obtido foi bastante
significante, pois ficamos à frente de vários grupos nacionais
reconhecidos e é a certeza de que estamos trilhando um caminho certo,
com uma produção de alta qualidade que a Índios.com vem se propondo ao
longo desses 14 anos", comentou a diretora artística da companhia,
quando foi informada do resultado do edital federal. Yara Costa também é
professora e pesquisadora em Dança na Escola Superior de Artes e
Turismo (Esat) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Programação eclética
Yara explicou que toda a programação é gratuita, sendo que os
espetáculos serão apresentados nos dias 11, 14, 16, 18, 24 e 25 de junho
e dia 17 de julho, no Les Artistes Café-Teatro (avenida Sete de
Setembro, s/nº, Centro, zona sul), com apoio da Prefeitura de Manaus,
por meio da Fundação Municipal de Cultura e Turismo (Manauscult).
Somente no dia 11, a apresentação está prevista para iniciar às 20h30.
Nos demais dias, os espetáculos serão às 19h e 20h.
Já os debates e workshops têm o apoio da UEA e acontecerão no período da
tarde, a partir das 14h, na Esat (rua Leonardo Malcher, nº 1.728, Praça
14 de Janeiro, zona sul). Os debates serão realizados nos dias 15, 19 e
26 de junho, e as oficinas, dias 13, 20 e 27 de junho.
Segundo Yara, essa programação foi pensada com vários objetivos. Além de
oferecer atividades artísticas de entretenimento para a população tanto
local quanto para turistas nacionais e estrangeiros, o projeto vai
oportunizar que quem estiver interessado possa aprender as técnicas
básicas da dança aérea e também aprofundar as discussões sobre o
complexo processo de produção de trabalhos de arte contemporânea, que
envolvem elementos físicos, cênicos, musicais e, sobretudo, pesquisa
acadêmica e artística.
"O termo 'dabucuri' é uma palavra em nhengatu, que faz referência aos
rituais de troca entre etnias/povos indígenas. O nosso interesse é
justamente compartilhar o que a Índios.com Cia. de Dança realiza, por
meio de apresentações, debates e oficinas", resume a diretora artística.
Sobre os espetáculos
"Rito de Passagem" estreou em abril de 2008, no Sesc de Manaus, e é
resultado do Prêmio Klauss Vianna 2007 da Fundação Nacional de Arte
(Funarte) e Ministério da Cultura (MinC), com o patrocínio da Petrobras.
Já ¿Rastros Híbridos¿ teve première internacional, em Caiena, na Guiana
Francesa, em 2010, e foi contemplado com o Prêmio Klauss Vianna
Funarte/Petrobras 2010 e 2011. Os dois trabalhos possuem 40 minutos de
duração e são frutos de pesquisas baseadas nas tradições indígenas,
aliadas à técnica vertical de dança, modalidade introduzida
sistematicamente no Amazonas por Yara, que estudou, treinou e
aperfeiçoou técnicas circenses com tecidos e cordas e técnicas
esportivas, como o rapel.
"O 'Rito' surgiu das minhas vivências com comunidades Baniwa em São
Gabriel da Cachoeira e dialoga com a temática regional, retratando
especificamente as mulheres indígenas e ribeirinhas do Amazonas, e,
simultaneamente, tomando-as como um reflexo de diferentes contextos do
universo feminino. Já `Rastros" é fruto de uma pesquisa de imersão
realizada com os ameríndios Kali"na da comunidade de Awala Yalimapo, na
Guiana Francesa, em 2009 e 2010. Esse trabalho foca nas questões
identitárias e culturais desse povo, estruturando as cenas num constante
crescente circular do espaço e do movimento dançado, como nos rituais¿,
resume a coreógrafa.
"Aëëë: Pra Falar do que Não Foi Perdido" estreou em Brasília, no dia 1º
de novembro de 2013, no Teatro Plínio Marcos, e também recebeu o Prêmio
Klauss Vianna de Dança 2012 Funarte/Petrobras. O espetáculo tem duração
de 40 minutos e faz uma referência direta aos valores culturais do povo
Yanomami, que, apesar dos problemas e conflitos que enfrentam no contato
com as populações não indígenas, ainda mantém viva a alegria de viver e
demonstram isso no seu cotidiano na maneira de vestir, comer e morar.
Ficha técnica
Embora "Rito de Passagem" seja um solo, o trabalho conta com um elenco
de apoio, que atua nos bastidores: Ednaldo Passos, Harry Vital, Jonatas
Amaral, Daniela Alves, Carol Santa Anna, Rosely Reis e Eliberto
Barroncas. O roteiro é assinado por Yara em parceria com o encenador
coreográfico Ricardo Risuenho, que também colabora no projeto e operação
de luz. O figurino é de Adroaldo Pereira. A cenografia foi criada pelo
artista plástico Nelson Magli. O trabalho de audiovisual (captação e
edição de sons e imagens e operação de imagens) é de Ednaldo Passos, que
também é o técnico de verticais. Na pesquisa da trilha musical do
espetáculo, Yara contou com a colaboração de Ricardo Risuenho. As
fotografias são de Ruth Jucá.
Em "Rastros Híbridos", a direção geral é de Yara Costa. O roteiro é
assinado por Yara Costa em colaboração com o ator e bailarino Francis
Madson. No elenco, estão Carol Santa Anna, Daniela Alves, Rosely Reis e
Eliberto Barroncas, sendo que este último também assina a direção
musical. Os figurinos foram concebidos e confeccionados por Yara Costa e
Adroaldo Pereira. O projeto e a operação de luz são de Ricardo
Risuenho. Fotografias são de Ednaldo Passos e Jonatas Amaral. O design
gráfico é criação de Ana Paula Costa.
Em "Aëëë: Pra Falar do que Não Foi Perdido", o elenco é formado pelos
intérpretes Daniela Alves, Kamilla Aguiar e Jonatas Amaral, sob a
direção geral de Yara Costa. O roteiro do espetáculo foi concebido por
Yara Costa e Eliberto Barroncas, que também assina a direção musical em
parceria com o Adalberto Holanda. A iluminação é de Ricardo Risuenho. Os
cenários foram criados por Nelson Magli, Yara Costa e Ricardo Risuenho.
Os figurinos são assinados por Adroaldo Pereira, Yara Costa e Ricardo
Risuenho. A preparação teatral é de Carolina Cecília.
Fonte: Agecom
Fonte: http://www3.uea.edu.br/noticia.php?notId=33066
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